quinta-feira, 26 de abril de 2012

REFLEXÕES SOBRE O COTIANDO ESCOLAR: Ensino, Aprendizagem e Trabalho Docente no Colégio Zardo

Em 31 de março ocorreu a primeira reunião pedagógica de 2012 dos professores e pedagogos do Colégio Estadual Francisco Zardo, de Curitiba. A discussão foi em torno de aspectos descritos no Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar sobre Ensino, Aprendizagem e Trabalho Docente. As atividades da reunião foram organizadas em exposição sobre os temas pela Direção e Equipe Pedagógica, seguido por trabalho em grupo no qual os professores discutiram e realizaram sínteses para serem partilhadas em plenária. O texto a seguir é resultado do que os professores elaboraram, bem como as linhas gerais de análise e avaliação dos temas discutidos.
Um dos temas abordados, no aspecto ensino, foi sobre a aplicação das tecnologias digitais, na metodologia do ensino. Constata-se que há deficiência na formação prática do professor no uso das tecnologias. A maioria dos docentes não teve nenhuma prática voltada às tecnologias durante seus estudos acadêmicos, visto que muitas das tecnologias são relativamente novas. Para preencher essa lacuna, é necessário que o professor busque essa qualificação. É possível buscar o conhecimento a respeito das tecnologias através de cursos presenciais ou a distância (inclusive ofertados por diversas instituições de maneira gratuita) e contar com a ajuda de colegas mais familiarizados com a tecnologia. Também pode haver a inclusão de aulas práticas de tecnologia durante semana pedagógica.
É importante ressaltar que apenas a habilidade no manuseio dos equipamentos tecnológicos não habilitará o professor para tal prática, mas sim um esclarecimento e delineamento do seu encaminhamento pedagógico relacionado e contextualizado. Não basta dominar a tecnologia, deve-se saber atrelar ao conteúdo que se pretende trabalhar, para que os recursos se tornem um meio de produção do conhecimento muito valioso na prática pedagógica. Nesse sentido, é de fundamental importância que a SEED se preocupe com essa questão e oferte cursos que realmente ensinem a prática de como utilizar essas novas tecnologias. Mesmo assim, o professor deve buscar métodos e formas de melhorar suas aulas utilizando recursos já disponíveis com a tecnologia digital. A experimentação e a avaliação dos resultados são fundamentais para utilizar como parâmetros. Isso servirá de base para próximas elaborações das aulas. Outra forma é a troca de experiências que devem ocorrer entre os professores, principalmente em experiências bem sucedidas.
Ainda sobre ensino, foi levantada a questão sobre a importância da elaboração do Plano de Trabalho Docente (PTD) que é um norte para as ações dos professores. Mesmo definindo esse norte, o PTD pode sofrer variações em função de acontecimentos que aparecem no decorrer do ano letivo tais como: mudança do número de alunos (para mais ou para menos), nível da turma, características das diferentes turmas (ritmo de aprendizado, por exemplo), etc.
O Plano de Trabalho Docente dará todo o embasamento para o trabalho do professor. O seu conteúdo delineará o caminho a ser seguido e facilitará todo o trabalho pedagógico, visto que permitirá o planejamento antecipado de todos os conteúdos de maneira organizada e ordenada. Também é importante para que a escola se organize no caso de uma eventual necessidade de afastamento do professor, pois assim o seu sucessor ou substituto poderá prosseguir dentro do que foi planejado. A elaboração do plano docente permite um melhor direcionamento e objetividade nas aulas, que reflete em maior interesse dos alunos que percebem a objetividade do professor.
Refletimos também sobre o aspecto aprendizagem e a prática do professor, que tem um reflexo direto no comportamento e aproveitamento do aluno (tanto em questões de aprendizagem quanto de indisciplina). Afinal, o modo como o professor trabalha terá influência, pois os alunos sabem muito bem identificar um professor que está preparado para dar o seu conteúdo e para manter a ordem em sala de aula. Os alunos testam muito os professores, principalmente no início com uma nova turma, que sempre busca saber “até onde pode ir com determinado professor”. É comum comentários dos alunos do tipo que com professor X pode-se “fazer bagunça”, já com professor Y o pessoal se comporta. Então, o que leva esses alunos a tirarem essa conclusão é o modo como o professor conduz a sua aula e a sua sala de aula. Logicamente existem turmas mais agitadas e mais difíceis de se manter a ordem do que outras, mas certamente o preparo do docente em lidar com determinadas situações influenciará muito. Observa-se também que, infelizmente estamos em um momento onde os alunos refletem na escola a sociedade do portão para fora. Falta uma adequação para conviver e lidar com as situações que estão aparecendo no dia-a-dia escolar.
Conforme elaboração do plano de aula individualizado, cabe a cada docente desenvolver o seu planejamento utilizando recursos diferenciados para que o objetivo seja concretizado. Quando não acontece em algumas “turmas”, avaliar com cuidado o problema e buscar soluções junto à equipe pedagógica e pais. O professor que planeja suas aulas fica mais motivado para ministrar suas aulas e isso reflete automaticamente no comportamento do aluno que percebe que o professor gosta do que faz e realmente está preparado para ministrar os conteúdos. Assim, é mais fácil atingir, pelo menos na maioria, a disciplina dos alunos. O professor deve planejar bem o conteúdo, saber transmitir o que planejou, a aula não pode ser monótona, pois isso leva o aluno à indisciplina. Em casos de indisciplina, o professor deve ser claro em sua postura em relação ao aluno, caso não consiga, comunicar a equipe.
Hoje o bom professor não é aquele que detém o conhecimento e busca transmitir ao aluno e sim aquele que encanta o aluno e o instiga a buscar mais informações sobre o assunto trabalhado. O professor deve sempre manter a postura de mestre, mesmo sabendo que não resolverá todos os problemas da indisciplina, mas será a referência que muitos não possuem nos seus lares.
Um desafio que se apresenta no cotidiano da escola é lidar com os alunos que não têm vontade de aprender e vêm para a escola obrigados pela instituição e / ou pelos pais. Verifica-se nos dias de hoje que o desinteresse dos alunos pelos estudos tem sido um problema sério. A maioria dos alunos vem desmotivada, não vendo claramente a função da escola e nem o quanto aquele conhecimento que está sendo passado a eles será útil no futuro. Quando analisados os motivos pelos quais existe essa falta de interesse e de vontade, podem-se elencar algumas probabilidades: a rapidez de informação nos dias de hoje, com recursos como a internet, variados canais de TV, rádio etc faz com que eles se interessem mais nos aparatos tecnológicos do que na aula propriamente dita. Temos que competir com mídias atrativas, que também podem se tornar nossas aliadas, pois com a utilização de recursos variados podemos tornar as aulas mais atrativas para despertar o interesse dos nossos alunos. Certamente não conseguiremos fazer “aulas show” a todo instante, não devemos ser utópicos, pois todos sabemos da dificuldade com relação a tempo de preparação, provas e trabalhos para corrigir e elaborar, etc. Porém com esforço poderemos planejar atividades interessantes e utilizarmos materiais e métodos diversificados com uma certa frequência.
A questão de alunos com mau comportamento envolve principalmente o relacionamento entre os pais e os filhos, sendo que a desmotivação é reflexo de questões psicológicas complexas individuais do aluno, que pode ser acentuada por uma situação ou outra escolar, porém é questão familiar. A escola pode ajudar ofertando condições boas de estudos, mas o foco do problema é uma questão familiar e clínica. Temos alunos do Ensino Médio que já dirigem, trabalham, vão a festas, já iniciaram sua vida sexual e ao entrar numa sala de aula acredita que está perdendo seu tempo.
Ante a isso, analisamos também as atribuições previstas em lei que cabem ao professor. Pode-se pensar que os docentes não conseguem cumprir todas as suas atribuições, mas o que acontece é que não conseguem cumprir todas as suas atribuições sempre. O essencial, que é passar o conhecimento, construir saberes junto aos alunos e fazer com que a toda aula algo seja acrescentado a vida de cada aluno, de alguma forma é realizado. Muitas vezes os professores se veem frustrados por não conseguirem fazer com que o aluno realmente abra a sua mente e perceba a importância do que está sendo passado a ele. Acontece de muitas vezes o aluno questionar o professor para que aquele determinado assunto seria útil em sua vida futura. Muitas vezes os professores entram em sala de aula com bastante ânimo, propondo um trabalho ou um projeto, ou tentando utilizar um recurso diferente durante a aula, e percebe-se que esse nosso ânimo não é recíproco.
Fazendo um balanço de fatores que dificultam o cumprimento das atribuições docentes pode-se citar a falta de tempo para uma elaboração satisfatória de aulas e, mais ainda do que tempo, seria mesmo o desinteresse por parte dos alunos. O docente somente consegue cumprir as suas atribuições se levar trabalho para casa, pois são muitas turmas, com número excessivo de alunos, sendo que um ano letivo é diferente do outro no planejamento das aulas, provas, trabalhos e tarefas. E as correções disso tudo toma bastante tempo.
Um outro aspecto que dificulta o docente de cumprir as suas atribuições é o número de turmas, pois deixar tudo em dia é sempre um desafio e neste ponto o professor precisa organizar muito a sua prática e sua rotina de trabalho.
Para o cumprimento das atribuições docentes no Colégio Zardo, percebe-se que a organização, a união e a comunicação adequada têm feito a diferença. Tem havido um planejamento da equipe pedagógica com tempo hábil para realizar as tarefas propostas. A equipe escolar tem oferecido subsídios suficientes para um bom cumprimento do papel docente: apoio pedagógico e material, inclusive para o uso das tecnologias digitais. A disciplina dos alunos de modo geral tem melhorado dentro e fora da sala de aula, já não se vê a correria e desorganização que era comum diariamente nos horários de entrada e saída, pelos corredores dos blocos. Com os alunos entrando de maneira ordenada fica bem mais fácil de permanecerem assim também em sala de aula.

Por fim, a instituição pode e deve estar sempre investindo para que a aprendizagem seja sempre de qualidade, pois também é responsável pelo êxito do docente, que necessita de condições favoráveis para a execução, com ferramentas adequadas para concluir o seu plano de trabalho. A aprendizagem acontece e é de qualidade com um bom desempenho dos educadores e plano de trabalho bem feito.

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