quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SANTA FELICIDADE

O bairro de Santa Felicidade é um antigo caminho dos tropeiros paulistas que iam em direção ao sul. Em sua formação histórica, recebeu um grande número de colonos vindos do norte da Itália, especialmente das regiões de Vêneto e Trento.Atualmente é um importante reduto gastronômico, com grande quantidade de restaurantes de cozinha italiana, além de ter muitas vinícolas e lojas de artesanato. O nome do bairro é uma homenagem a uma antiga proprietária de terras da região no século XIX, a portuguesa Felicidade Borges.Os dois principais eixos viários do bairro são a Avenida Manoel Ribas e a Via Vêneto, nas quais respectivamente se encontram os tradicionais restaurantes e o terminal de. Em Santa Felicidade está localizado o maior restaurante da América Latina, o restaurante Madalosso.
Em 1876 o Brasil firmou um acordo com a Itália para incentivar a entrada de italianos no país. Os boatos sobre a fertilidade das terras americanas e o sonho de uma vida melhor chegavam à Europa.
Em 11 de dezembro de 1877, partiu de Gênova, na Itália, um navio trazendo muitos imigrantes, principalmente da região do Vêneto. Vieram famílias inteiras e outras com apenas alguns membros.
No dia 2 de janeiro de 1878, o navio chegou ao Rio de Janeiro e três dias depois, aportou em Paranaguá. Encaminhadas por funcionários do governo, as famílias se instalaram no litoral do Estado. Passados poucos meses, os primeiros problemas de adaptação começaram a surgir. O calor, a água lamacenta, a terra que não se adequava às atividades agrícolas desejadas e os insetos, os bichos-de-pé e o berne, aterrorizavam os colonos.
A luz veio com os tropeiros que cruzavam o litoral em direção a São Paulo. Através deles, os italianos descobriram a existência da pequena cidade de Curitiba, onde o clima e as terras pareciam-se mais com a Europa. Valendo-se do direito de mudar de endereço pelo menos duas vezes, diversas famílias organizaram-se e solicitaram ao governo a mudança.
Com suas economias, adquiriram um grande pedaço de terra salubre para o cultivo à margem da cidade. A região adquirida pertencia aos irmãos Arlindo, Antônio e Felicidade Borges. Ali, eles fundaram a colônia Santa Felicidade, que recebeu esse nome em homenagem a Felicidade Borges, a irmã que mais apoiou a venda das terras para os imigrantes, que depois se espalhariam também pelos bairros Cascatinha, Butiatuvinha, São João, São Braz, Água Verde e Umbará. Há quem diga que Dona Felicidade Borges, ao fazer doação (nessa versão não cita que houve uma venda) de uma área de terras para o patrimônio da colônia, pediu que o local levasse o seu nome. O pedido foi respeitado e o espírito religioso motivou o acréscimo de "Santa" ao nome da doadora.
A colônia dedicou-se à produção de hortifrutigranjeiros, à plantação de erva, ao fabrico de vinho e queijo e ao trançado de vime.
A Igreja Matriz de São José é uma das construções mais importantes da colônia, com sua fachada de elementos românicos e clássicos e o elegante campanário isolado do corpo principal do edifício, conforme tradição italiana. Quase em frente à Igreja está situado o cemitério de Santa Felicidade, com seu inédito panteão construído por 18 capelas em estilo neoclássico inaugurado em 1886 e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico em 1977. Ao longo da Via Veneto e da Avenida Manoel Ribas, destaca-se exemplares da arquitetura popular, tais como a Casa dos Gerânios, 1891, construída por Nicolau Boscardim; a Casa dos Painéis do século passado, com pinturas na parede frontal com motivos de paisagem, a Casa das Arcadas, construída por Marco Mosselini há aproximadamente 100 anos, com pórtico em arcos e a Casa Culpi datada de 1897.
Porém, a atração maior de Santa Felicidade é a de ser o Bairro Gastronômico de Curitiba, com grande número de restaurantes ali instalados que oferecem, além de delicioso vinho caseiro, os pratos típicos como risoto, polenta, lasanha, nhoque, macarrão e frango. Completando esta atração, existem as tradicionais vinícolas e cantinas de vinho, lojas de artesanato e móveis de vime, além do sugestivo portal de entrada do bairro, inaugurado em 27 de outubro de 1990 representando os valores da cultura italiana trazida pelos primeiros imigrantes que chegaram há mais de um século.
Além da gastronomia, os italianos deixaram sua marca na cidade por seu sendo de cidadania, organizando várias sociedades operárias e sindicatos.








Casa das Pinturas
 
A Casa das Pinturas fica em Santa Felicidade ao lado do Restaurante Peixe Frito (Av. Manoel Ribas, 5438) e faz parte da relação dos totens do patrimônio cultural de Curitiba. Quando fui fotografa-la, não encontrei o totem e na internet, pouca informação está disponível. No IPPUC achei uma ficha técnica da Casa das Pinturas e nessa ficha encontrei apenas a informação de que se trata de uma edificação de 1878, pertencente ou construída pela Família Menegusso. Trata-se de uma unidade de interesse de preservação do município de Curitiba. Não sei quem a mantém (talvez os proprietários do restaurante), mas está muito bem preservada. O nome obviamente diz respeito às pinturas que se intercalam com as janelas na parede externa da casa.



Madalosso
Em 1949 o casal de descendentes e imigrantes da cidade de Treviso (Vêneto) Antônio e Rosa Madalosso, vieram de Caxias do Sul para a colônia Santa Felicidade com seus filhos Helena, Flora, Nelson, Carlos e João.
Em 1963 Flora e seu marido Ademar, adquiriram um restaurante instalado na Avenida Manoel Ribas, 5852, localizado em frente à casa da família Madalosso. O pequeno restaurante de 24 lugares, não tardou a atrair fregueses a busca do frango e da polenta de Dona Flora, que comandava pessoalmente a cozinha.
Cresceu a fama do Madalosso e rapidamente o ambiente foi ampliado para 150 lugares, que continuava pequeno e a solução foi construir um novo prédio em frente ao restaurante, onde antes havia um parreiral. Inaugurado em 1972, o Restaurante Madalosso Novo contava com 400 lugares e dois salões (Roma e Verona). 
Em 1973 foi inaugurado o Salão Milano para 120 pessoas e em 1974 o Salão Firenze com capacidade para 800 pessoas, nessa época já era um restaurante conhecido nacionalmente, atraindo turistas de todos os lugares, que chegavam em ônibus lotados.
Na década de 80, com a crescente demanda por mais espaço o Salão Nápoli foi inaugurado com capacidade para 1500 pessoas. 
Com uma capacidade total para receber 4645 pessoas dispostos em 7671 metros quadrados de área, o Restaurante Madalosso entrou para o Guiness Book como o maior restaurante das Américas (considerando o mundo todo, ficaria em segundo lugar, se não me engano, atrás apenas de um complexo gastronômico da Índia).
Ainda hoje, Dona Flora comanda a cozinha do Madalosso, que conta com 70 cozinheiras, sendo ainda hoje um referencial turístico de Santa Felicidade e de Curitiba.
A foto de hoje é do portal do Madalosso Novo, que não freqüento há bastante tempo, pois todas as vezes que vou à Santa Felicidade, acabo por optar pelo Madalosso Velho, que considero melhor, menor e mais aconchegante, mas é tudo uma questão de escolha pessoal. 
Fazem parte do mesmo grupo os seguintes empreendimentos: Restaurante Madalosso, Madalosso Velho, Famiglia Fadanelli, Mezza Notle, Agnello Gastronomia e Pani Ciello Pães Especiais.


Casa dos Arcos 

Edificação de 1895, feita para residência da família do imigrante italiano Marco Mocelin. Teria sido construida por Brasílio Gichelle. Em 1918 foi comprada pela família Tulio. È o único exemplar do bairro com arcada frontel no térreo, fazendo a entrada do comércio. O piso superior foi reservado à moradia. É protegida pelo Patrimônio Histórico da cidade de Curitiba.
A Casa dos Arcos hoje é um restaurante bastante tradicional de Santa Felicidade, com cardápio focado nas pizzas, massas e carnes.


Casa Culpi
Quando Santa Felicidade fazia parte da rota que levava ao Norte Pioneiro do Paraná, o principal ponto de encontro dos caminhoneiros era o armazém Culpi, uma das primeiras casa construídas em Curitiba pelos imigrantes italianos. Em 1897 a "Casa Culpi" foi vendida à Prefeitura Municipal e, em 1º de abril de 1990, foi restaurada e transformou-se em um Memorial da Imigração Italiana, reconstituindo o estilo de vida dos italianos que chegaram à cidade no século passado. Ali também funcionam cursos de língua italiana e artes plásticas, além de exposições permanentes e temporárias.


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