terça-feira, 20 de novembro de 2012

SER UM BOM DIRETOR: Saberes necessários, articulação com a comunidade e proposta de ação

Alexandro Muhlstedt

Resumo
O presente artigo é o resultado das reflexões desenvolvidas no Curso de Formação de Profissionais da Educação para Gestão da Organização Escolar, oferecido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, na modalidade de Educação à Distância (on line) no ano de 2012. Pretende-se apresentar uma Proposta em Gestão Escolar, articulando as possibilidades de administrar uma unidade escolar tendo em vista a qualidade nos processos de ensino aprendizagem, perpassando por todos os segmentos que compõem uma escola, bem como o papel do diretor na organização dos processos administrativos e pedagógicos presentes nas rotinas das escolas públicas estaduais.
Palavras-chave: Gestão democrática; diretor escolar; instâncias colegiadas; organização pedagógica; plano de gestão; legislação.

INTRODUÇÃO

Analisando a literatura sobre administração escolar e observando o cotidiano nas unidades escolares, percebe-se que é o diretor escolar o profissional que assume as responsabilidades de administrar todo o processo educativo numa unidade escolar. Segundo Lück (2004, p 32), é do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento plenos dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido e controlando todos os recursos para tal. Devido a sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto positiva, como negativa sobre todos os setores pessoais da escola.
Por isso mesmo, as funções do trabalho do gestor estão diretamente relacionadas à organização e gestão da escola, cabendo a ele desempenhar inúmeros papéis dentro do ambiente escolar, articulando ações em todos os setores e aspectos do mesmo.
Estão vinculadas ao diretor uma série de funções, tanto de natureza administrativo, quanto pedagógica.
Do ponto de vista administrativo competem-lhe, por exemplo, a organização e a articulação de todas as unidades componentes da escola; articulação e controle dos recursos humanos; articulação escolar com a comunidade; articulação da escola com o nível superior de administração do sistema educacional; formulação de normas, regulamentos e adoção de medidas condizentes com os objetivos e princípios propostos no projeto político-pedagógico; supervisão e orientação a todos aqueles a quem são delegadas responsabilidades., entre outras.
Do ponto de vista pedagógico são de sua alçada, por exemplo, a dinamização e assistência aos membros da escola para que promovam ações condizentes com os objetivos e princípios educacionais propostos; liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses objetivos e princípios; promoção de um sistema de ação integrada e cooperativa; manutenção de um processo de comunicação claro e aberto entre a escola e a comunidade; estimulação a inovação e melhoria do processo educacional, etc.
O processo de organização escolar dispõe, portanto, de funções, propriedades comuns ao sistema organizacional de uma instituição, com base nos quais se definem ações e operações necessárias ao funcionamento institucional. E nesse contexto, há que se levar em consideração os desafios propostos pelo mundo moderno, bem como pela realidade do entorno da unidade escolar. Assim, para desenvolver um processo de atuação democrático e participativo é essencial que se constitua com propriedade e seriedade os órgãos colegiados com representatividade de toda a comunidade escolar.
Mais uma vez fica claro que ao assumir uma direção escolar é necessário estar atento, pois os desafios são muitos, tanto a violência, quanto a carência qual atinge a vida da escola, encontra-se também a não participação da família, acredita se também sobre o despreparo de profissionais que atuam desatualizados no ambiente escolar, além disso há também a falta de recursos físicos e materiais que são os mais necessários.
De qualquer forma, tais desafios são elementos a serem considerados para definir metas e objetivos, à luz do Projeto Político-Pedagógico para instituir as possibilidades na busca de uma educação pública de qualidade, afinal, organizar o trabalho pedagógico em escola pública não é uma tarefa fácil. É algo abrangente, requer uma formação de boa qualidade além de exigir do gestor um trabalho coletivo que busque incessantemente a autonomia, liberdade, emancipação e a  participação, inicialmente na construção do projeto político-pedagógico. Numa gestão democrática,o gestor precisará saber como trabalhar os conflitos e desencontros,deverá ter competência para buscar novas alternativas e que as mesmas atendas aos interesses da comunidade escolar; deverá compreender que a qualidade da escola dependerá da participação ativa de todos membros, respeitando  os anseios e necessidades da comunidade bem como buscando nas estratégias anteriormente adotadas por outros diretores, novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo.
A organização do trabalho pedagógico é uma estratégia educacional para democratizar o processo ensino-aprendizagem, então é de suma relevância para um gestor implementar novas forma de administrar em que a comunicação e o diálogo estejam inseridos na prática pedagógica  do docente.Cabe ao gestor assumir a liderança deste processo com competência técnica e política.
Ao assumir esse papel o gestor deve, necessariamente buscar a articulação dos diferentes atores em torno de uma educação de qualidade, o que implica uma liderança democrática,capaz de interagir com todos os segmentos da comunidade escolar. A liderança do gestor requer uma  formação pedagógica crítica e autônoma dos ideais neoliberais. Nesse sentido, o objetivo  é construir uma verdadeira educação com sensibilidade e também com destrezas para que se possa obter o máximo de contribuição e participação dos membros da comunidade. Conforme Libâneo(2001,p.102):

A participação é o principal meio de assegurar a   gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporcionar um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica das relações da escola com a comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores,alunos e pais.

E nesse processo de participação e construção democrática do espaço escolar, há que se levar em conta os desafios com as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Nesse sentido, a formação de educadores é essencial para responder aos desafios da integração das TIC aos processos educacionais, visando melhoria da qualidade do ensino público. Afinal, é no processo direto de ensino aprendizagem, que ocorre na relação educador – aluno, que todos os objetivos descritos no PPP devem convergir. Assim, o educador precisa levar em consideração o uso das TIC como elemento auxiliar na socialização do saber pedagógico, a fim de incorporar esses elementos na prática docente. E para efetivação dessa premissa, faz-se necessária a atuação competente do diretor.
A formação continuada é relevante por proporcionar ao professor a possibilidade de identificação dos conflitos do cotidiano pedagógico, percebendo as incertezas de uma nova aprendizagem. Através da formação continuada, o docente pode aprender com os próprios erros, procurar compreendê-los, depurá-los visando à reconstrução de sua prática, e socializando as experiências com o grupo.
Por fim, mudanças positivas na unidade escolar só acontecem de fato se houver uma organização do trabalho pedagógico, emanada por um corpo técnico alçado diretor e equipe pedagógica trabalhando em conjunto com o corpo docente, funcionários e demais membros da equipe escolar, avaliando e reconstruindo seus projetos, planejamentos e planos, envolvendo Conselho Escolar, APMF e Grêmio estudantil e respeitando a legislação educacional.

1. Objetivos

- Compreender o papel do diretor na escola pública paranaense como articulador de ações para o fortalecimentos das dimensões administrativas e pedagógicas da unidade escolar.
- Compreender que a atuação do diretor e da equipe gestora influencia na mobilização de pessoas e no desenvolvimento de liderança participativa, sendo isso aspectos decisivos ao implementar ações no cotidiano da unidade escolar.
- Analisar os aspectos legais, burocráticos e pedagógicos da atuação do diretor, repensando os espaços pedagógicos no cotidiano da Gestão Escolar, como os Laboratórios e Bibliotecas, que se constituem em espaços destinados à Pesquisa, tendo em vista a necessidade do incentivo e desenvolvimento da mesma, fator, este, primordial ao desenvolvimento e formação do indivíduo.
- Analisar e entender que a pesquisa e a utilização dos recursos tecnológicos favorecem à “expertise”, sendo que isso contribui para que o sujeito articule a construção do seu conhecimento e seja capaz de atuar com autonomia.
- Elaborar a Proposta em Gestão Escolar, em consonância com as atividades de formação oferecidas pela Secretaria de Estado da Educação, articulando reflexões e ações para a consolidação de uma gestão que apresente resultados e melhorias nos processos de ensino aprendizagem nas escolas públicas paranaenses.

2. Justificativa

A presente Proposta em Gestão Escolar é resultado das inúmeras reflexões, estudos, pesquisas e processos de análise oriundos do Curso de Formação de Gestores para atuarem na rede pública estadual.
Ao desenvolver esse processo de formação estabelece-se novos parâmetros de compreensão de como se dá o cotidiano do diretor escolar. Por isso, tal proposta consiste em verificar a real importância do diretor em assumir responsabilidades compartilhadas, nos diversos segmentos da unidade escolar.
Um gestão compartilhada, permeada pelo princípio democrático, constitui uma política educacional que garante às escolas a autonomia sobre sua gestão pedagógica, administrativa e financeira. Com isso as escolas passam a ser vistas como espaço de construção social, na medida em que passam a gerir os recursos financeiros decidindo sobre as prioridades da escola, valorizando e co-responsabilizando aos gestores, demais profissionais e comunidade local.
Como menciona Barroso:
A autonomia da escola não é a autonomia dos professores, ou a autonomia dos pais, ou a autonomia dos gestores. A autonomia, neste caso, é o resultado do equilíbrio de forças, numa determinada escola , entre diferentes detentores de influência (externa ou interna), dos quais se destacam: o governo os seus representantes, os professores, os alunos, os pais e outros membros da sociedade local (BARROSO, 1996, p. 186).

Dessa forma, a autonomia se fundamenta na interação de todos os indivíduos representantes da comunidade escolar e local que se reconhecem como atores fundamentais na tomada de decisões coletivas.
O gestor exerce, então, a função de líder que articula diversos segmentos da comunidade escolar, é um importante mediador do Projeto Político-Pedagógico e das demais ações e atividades da escola, isto é, trabalha a proposta do sistema de ensino cooperativamente com as comunidades escolar e local na busca da consolidação de uma escola focada na qualidade acadêmica do aluno e na realização dos sonhos, objetivos e metas da coletividade.
A comunidade, ou seja, o entorno da escola na visão da gestão compartilhada é parte dinâmica do universo escolar. A escola no cumprimento de sua função social é chamada a estabelecer uma relação de compromisso com a comunidade, isto ocorre de diversas formas: por meio da participação de pessoas ou setores da sociedade na vida da unidade escolar numa relação horizontal.
E nesse processo participativo, constitui-se em elemento essencial, a democratização nas relações de trabalho na escola.
Para isso, baseado em observações, vivências e experiências, é necessária a viabilização de alguns elementos:
1) a eliminação do autoritarismo centralizado;
2) a diminuição da divisão de trabalho, que reforça as diferenças e distanciamento em relação, principalmente à comunidade;
3) a eliminação do binômio dirigente/dirigido;
4) a participação efetiva dos diferentes segmentos sociais na tomada de decisões, conscientizando a todos de que são atores da história que se faz no dia-a -dia.
Nesse sentido, a escola poderá ser vista pelas classes trabalhadoras como um espaço vital na luta a favor da continuidade da vida. Para tanto, é relevante construir um espaço onde não se pratique mentiras e omissões.
É claro que, na busca pela efetiva democratização das relações na escola, é necessário lembrar que esta se situa no âmbito do Estado, que, no máximo, permite, por inúmeras razões, a participação controlada. Afinal, o Estado, como mantenedor, intervém diretamente na escola.
Mesmo assim, o desafio posto é elemento norteador da ação do gestor escolar, que assume também o papel de formar lideranças para que novos agentes possam contribuir na tomada de decisões e assim, assumam com mais propriedade as responsabilidades na organização e o funcionamento da escola.
Para conferir e analisar os resultados das ações do gestor, é necessário que se faça, com freqüência, a avaliação desse conjunto de proposições.
As instâncias colegiadas, bem como cada um dos membros da comunidade escolar contribuem para avaliar o que se realiza na escola. São as opiniões, sugestões, críticas e apontamentos que servem como termômetro para aquilo que se implementa numa unidade escolar. Isso tudo no que se refere à organização administrativa e pedagógica da escola. Porém, o panorama geral da escola é percebido pelos resultados obtidos nas avaliações internas e externas dos níveis de aprendizagens dos alunos.
Por isso, é necessário estar atento aos resultados do IDEB (feito a cada dois anos), bem como nos gráficos desempenho escolar dos alunos, realizado ao final de cada período (bimestre / trimestre / semestre).
Esses resultados demonstram, num primeiro momento, quais têm sido os resultados da gestão, no que se refere a movimentação dos alunos (reprovação e evasão) e o sucesso oriundo da atuação (aprovação). Tais componentes asseguram a continuidade das ações da gestão, ou análise e retomada dos aspectos discutidos e constantes no PPP.
Tais questões passam, inevitavelmente, pela discussão sobre a avaliação escolar. A avaliação apresentada por Luckesi (1995) , diz que quando fala em avaliação da aprendizagem, prefere defini-la como sendo um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão. Já a concepção de avaliação que marca a relação de professores e alunos, segundo Hoffmann (1996), é a que define essa ação como julgamento de valor de resultados alcançados.
Assim, a avaliação escolar é um componente do processo ensino-aprendizagem, cujo propósito é recolher informações que possibilitem estabelecer uma correspondência entre os dados obtidos e os objetivos propostos, a fim de que o professor possa verificar o desenvolvimento do aluno em relação ao trabalho executado, orientando-o assim para uma tomada de decisões em relação às atividades seguintes. Esses resultados são, então, componentes cruciais para a elaboração de metas pelo coletivo escolar, bem como fundamentais para a ação consciente, articuladora, democrática e crítica do diretor escolar.
Antes a isso, levando em consideração todos os aspectos envolvidos, há que se ter claro que, num processo de gestão democrática no seio da unidade escolar, a escola deve articular-se, com todas as instâncias colegiadas, afim de, respeitando a legislação vigente, convergir para as melhorias de cada um dos componentes: espaço físico, atuação pedagógica, relacionamento interpessoal, atendimento ao público, comunicação, entre outros. Para isso, a legitimidade socorrerá mediante ações de divulgação e publicação das ações, utilizando tecnologias de informação e comunicação. A permanente formação dos profissionais é imprescindível.
De acordo com o documento do PNE, (Brasil MEC, 2001, Item IV, inciso 10, p. 150), anos após anos grandes números de professores abandonam o magistério devido aos baixos salários e as condições de trabalho nas escolas. Formar mais e melhor os profissionais do magistério é apenas uma parte da tarefa. É preciso criar condições que mantenham o entusiasmo inicial, dedicação e a confiança nos resultados do trabalho pedagógico. Isso ocorrerá, mediante, também a atuação do gestor.
O governo tem conhecimento das condições precárias da escola e que precisa de melhorias, que é preciso incluir mudanças nos espaços físicos, na infra-estrutura, nos instrumentos materiais pedagógicos e de apoio e nos meio tecnológicos para os docentes, para os gestores e para os demais funcionários da instituição.
As dificuldades para o gestor são muitas, mas com perspectivas de mudanças, sabendo olhar a frente, enxergando o futuro não há barreiras que possa atrapalhar o seu desenvolvimento com uma eficácia e por isso que o gestor precisa ser dinâmico e ter flexibilidade junto ao corpo docente.
A atuação do diretor e da equipe gestora na mobilização de pessoas e no desenvolvimento de liderança participativa é fundamental. Uma liderança mobilizadora está sempre a compartilhar com os outros a solução de problemas, a elaboração de planejamento e a implementação de ações pedagógicas na escola. Sem negar os problemas, uma liderança mobilizadora procura programar ações e consolidar mecanismos visando garantir a participação de todos. (p.76).
O gestor exerce varias funções, sendo aquele que assume uma liderança, oferecendo uma comunicação aberta, desenvolvendo credibilidade, cuidando sempre do relacionamento interpessoal de alunos, professores e pais.
O envolvimento e liderança, necessariamente devem ser oferecidos dentro de uma linha de ação segundo a qual o diretor é um articulador, o profissional que pensa e assume responsabilidade de mobilizar toda a equipe gestora, para assim desenvolver uma gestão integrada com todos os segmentos da escola, envolvendo também a participação da família.
Assim, num processo participativo, compartilhado e democrático, o gestor assume o dever ético e profissional de constituir uma escola pública de melhor qualidade, onde o ensinar e aprender sejam, de fato, o motivo de existência da escola.

3. Fundamentação Legal

Os artigos 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e 22 do Plano Nacional de Educação (PNE) indicam que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolares e locais em conselhos escolares.
A gestão democrática da educação está vinculada aos mecanismos legais e institucionais e à coordenação de atitudes que propõem a participação social: no planejamento e elaboração de políticas educacionais; na tomada de decisões; na escolha do uso de recursos e prioridades de aquisição; na execução das resoluções colegiadas; nos períodos de avaliação da escola e da política educacional. Com a aplicação da política da universalização do ensino deve-se estabelecer como prioridade educacional a democratização do ingresso e a permanência do aluno na escola, assim como a garantia da qualidade social da educação.
Tendo em vista esses preceitos legais, o bom gestor deve ser um administrador, isto é, manter a escola dentro das normas do sistema educacional, seguir portarias e instruções e ser exigente no cumprimento de prazos. Também deve valorizar a qualidade do ensino, o projeto pedagógico, a supervisão e a orientação pedagógica e criar oportunidades de capacitação docente.
Deve, contudo, preocupar-se com a gestão democrática e com a participação da comunidade, estar sempre rodeado de pais, alunos e lideranças do bairro, não como simples opção, mas como cumprimento do que prescreve a lei.
Para isso é importante ter uma equipe de direção que tenha talentos complementares. Delegar e liderar devem ser as palavras de ordem. E mais: o bom diretor indica caminhos, é sensível às necessidades da comunidade, desenvolve talentos, facilita o trabalho da equipe e, é claro, resolve os problemas do cotidiano escolar.
Ante a isso, é possível compreender porque a gestão da escola, para se constituir a partir do fundamento democrático, tem como princípios básicos a participação e a autonomia. Pedagogicamente esse processo exige que a escola se arme de instrumentos que visem garantir esses princípios e se voltem para a especificidade dos objetivos da escola: garantir o processo de formação do cidadão, que envolve não apenas o conhecimento e aprendizagem de conteúdos pré-determinados, e que está pautado numa determinada concepção de homem que se quer formar. E tudo isso claramente definido no Projeto Plítico-Pedagógico.
A autonomia pode ser entendida como a capacidade das pessoas de decidir sobre seu próprio destino, ou seja, autogovernar-se. “Numa instituição a autonomia significa ter poder de decisão sobre seus objetivos relativamente independente do poder central, administrar livremente os recursos financeiros” (LIBÂNEO, 2001, p. 115). Na escola isso vai significar a possibilidade de raçar seu próprio caminho, envolvendo professores, alunos, funcionários, pais e comunidade, unidos no sentimento de co-responsabilidade pelo êxito da instituição. É certo que essa possibilidade se limita ao espaço da autonomia relativa possível a uma instituição que integra um sistema de ensino e que depende das políticas públicas e que não gera recursos próprios.
Mesmo assim, para Libâneo (2001), autonomia é o fundamento da concepção democrático-participativa da gestão escolar, razão de ser dos instrumentos democratizantes desse tipo de gestão. Os principais instrumentos que visam garantir a gestão democrática são: o projeto político pedagógico da escola (PPP) e o conselho escolar. Também são auxiliares desse processo: a associação de pais, mestres e funcionários e o grêmio estudantil. A realidade de atuação dessas instâncias vai refletir o nível de envolvimento dos atores sociais no processo educativo e a busca pela realização de uma educação com qualidade social.
Há que se destacar que todas as ações, previstas e conduzidas a partir das deliberações desse lócus democratizante, estão sempre pautados por uma autonomia relativa. Isso porque as ações pedagógicas estão subjugadas ao que diz a legislação presente na política educacional e, também, aos caprichos idiossincráticos de alguns atores que se encontram nos territórios mais altos de poder. Ou seja, a escola se constitui na unidade básica do sistema educacional, ponto de encontro entre as políticas e as diretrizes do sistema e o trabalho em sala de aula (LIBÂNEO et al, 2003).
Mesmo considerando que a autonomia da escola é relativa, Paro (2001a) e Libâneo (2001) ratificam a importância do PPP e do Conselho Escolar por serem ambientes deliberativos e organizacionais que, dentro da escola, abrem espaços para a definição de ações voltadas para o tipo de educação que se deseja empreender no espaço escolar.
Um processo de acompanhamento e avaliação do projeto educativo que deve estar expresso no PPP e ser conhecido por toda comunidade. A própria existência do PPP pressupõe a participação coletiva em sua elaboração, execução, acompanhamento e avaliação (reescrito propositadamente!), mesmo que, na prática, isso tudo não ocorra. Nesse sentido, vale lembrar que as formas de organização e de gestão da escola são sempre meios que servirão para alcançar os objetivos da instituição e que, quando estes colocam em destaque a formação humana, buscam o fortalecimento das relações sociais.
Nesse processo, o diretor da escola, como líder do processo de gestão democrática, vai necessitar de competências que o ajudem a conduzir o processo junto com a comunidade escolar. Entre essas competências está a de garantir a participação de todos no processo, até porque um elemento fundamental no processo participativo está relacionado com a motivação dos atores envolvidos, que perpassa os objetivos comuns dos indivíduos e se amplia a partir dos interesses coletivos (ARAÚJO, 2003).
Aqui cabe uma pausa para lembrar que o organograma de organização escolar nesse tipo de gestão, segundo Libâneo et al (2003), aparece com formato circular, refletindo relações compartilhadas de poder. E ainda que participação é “uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa. Isto é, as diversas forças e operações que constituem a dinâmica da participação devem ser compreendidas e dominadas pelas pessoas” (BORDENAVE, 1994, citado por ARAÚJO, 2003, p. 31). E, sendo a escola um local em que os indivíduos comparecem (também!) para aprender algo, ela deve garantir a viabilização de mais esse processo de aprendizagem. Ou seja, uma gestão democrática também deve buscar meios de garantir o envolvimento da comunidade no processo educativo, com todos os limites que a realidade complexa e contraditória impõe.
Paro (2001) diz que não existem modelos pré-determinados de participação. É preciso que cada tentativa construa seu próprio caminho “que se faz ao caminhar” refletindo sobre cada passo. A participação é necessária e pressupõe principalmente tomada de decisão, onde a execução é apenas uma conseqüência, e apresenta vários obstáculos, porém o primeiro requisito é não desistir. Assim, pode-se tentar fazer da escola estatal algo realmente público, o que pode acontecer quando a população tiver acesso a uma boa educação. Isso só será possível com a participação da comunidade na escola, para partilhar o poder entre os interessados na qualidade do ensino.
E a realidade vai estar recheada de limites objetivos que são difíceis de superar com a simples assunção teórica da ‘gestão democrática na escola’. Limites objetivos que são facilmente observados em boa parte das públicas: salas lotadas, professores com baixa remuneração, e por isso desmotivados, parcos recursos financeiros, material didático insuficiente e de baixa qualidade, instalações físicas precárias etc.
De qualquer forma, são nos desafios e nos problemas existentes que o gestor escolar, juntamente com o coletivo da escola, pode buscar as alternativas para configurar as mudanças para uma educação pública de qualidade.
Repensando, refletindo, reorganizando, persistindo cotidianamente!

4. METAS A SEREM ATINGIDAS NOS ASPECTOS TECNOLÓGICOS, HUMANOS, PEDAGÓGICOS,  DEMOCRÁTICOS, ADMINISTRATIVOS  E FINANCEIROS.

4.1 Aspectos tecnológicos aplicados à Educação

Atualmente, a educação que corre na escola deve estar vinculada aos processos tecnológicos. Assim, é necessário que os profissionais que atuam na escola tenham ciência de que as formas de comunicação a serem utilizadas em sala de aula e no cotidiano da unidade escolar devem dar conta dos objetivos educacionais de modo satisfatório.
Uma das possibilidades é o que acontece no Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, Ensino Fundamental, Médio e Profissional, localizado em Santa Felicidade, Curitiba, Paraná, onde, por meio do curso técnico em Informática, modalidade Integrada e Subseqüente, existe maior predisposição ao uso de tecnologias no cotidiano escolar. Em função da existência de técnicos / laboratoristas, existe certa facilidade em aprender o manuseio das tecnologias, bem como em selecionar os melhores instrumentos para dinamizar a aprendizagem. A atual gestão investiu em instalar aparelhos de multimídias, bem como projetor de imagens no Auditório e assim propiciar espaço de uso de tecnologias para melhor apresentar determinados conteúdos das diferentes disciplinas.
A equipe pedagógica, por sua vez, articula o uso sensato dos materiais existentes, especialmente acompanhando o professor na seleção de materiais disponibilizados no portal da SEED, bem como de outros endereços eletrônicos que atendam às necessidades das turmas, nas diferentes disciplinas.
Nessa escola, já existem práticas de educação / formação a distância que atendem as necessidades dos docentes. É o caso, por exemplo, do uso dos e-mails para divulgação das ações / combinados / propostas e informações referente às rotinas da escola. Também existe um blog onde as informações / solicitações e atualizações são postadas para conhecimento e interação com os professores e funcionários. O blog é coordenado pela equipe pedagógica. Há uma insistente divulgação dos cursos ofertados pela SEED, sendo que os professores são incentivados a participarem.
Nota-se, então, que, para que haja um verdadeiro engajamento do coletivo escolar no uso sistêmico, coerente e adequado das tecnologias, antes de mais nada é necessário que os equipamentos deem conta das expectativas dos profissionais. Isso quer dizer que deve existir fácil acesso, bem como a manutenção precisa de tais equipamentos quando estes apresentarem problemas, pois há uma grande reclamação entre os professores quando necessitam de equipamentos tecnológicos e estes se mantém fora de uso por problemas técnicos. Percebe-se, então, que de nada adianta instrumentalizar os professores, por exemplo, se a ferramental não funcionar adequadamente, se não houver espaço adequado e equipamentos que funcionem corretamente.
Por essa razão, por meio da conscientização, estudos, discussões e sugestões, se faz urgente estabelecer as normas gerais para uso das tecnologias no ambiente escolar de acordo com as possibilidades existentes, bem como o conserto e manutenção de forma mais eficiente. Vale ressaltar que utilizar a tecnologia por ela mesma, em nada acrescenta á aprendizagem do aluno (fim maior da educação escolar) e que, para que haja efetivação da aprendizagem, antes é necessário que se faça a escolha adequada a cada contexto da sala de aula, de acordo com as necessidades dos alunos.
Por fim, e não menos importante, conhecer o material disponibilizado pela SEED no Portal é obrigação de cada profissional, tendo em vista que o material é rico, condizente com as diretrizes construídas coletivamente e com as demandas atuais da sociedade do conhecimento. Projeto Folhas, OACs, Grupos de estudos, PDE entre outros apenas reforçam quão necessário que os profissionais da educação conheçam a modalidade EaD e exerçam as possibilidades de aprender em serviço utilizando uma gama de instrumentos que podem enriquecer mais ainda a prática pedagógica.

4.2 Aspectos dos Recursos Humanos

Os profissionais que atuam nas unidades escolares estão submetidos à legislação que garante os direitos e deveres. Um desses direitos é o de licença especial, garantidos pelos Art. 247, 249 e 250 da Lei 6174/70 e Lei 12676/99. Segundo essas leis, e estabelecidos os critérios, havendo o cumprimento de tempo de serviço (5 anos), o servidor deve preencher os formulários que estão disponíveis no portal e no NRE (GRHS), 30 dias antes do período da licença e em seguida, assinar a documentação e solicitar que o servidor recolha assinatura do Assistente de área (no caso de Curitiba). Finalmente, protocolar no NRE e aguardar ser informado da liberação ou não. Todos os demais direitos do servidor, bem como as informações sobre Plano de Carreira, Boletim de frequência, Atestados Médicos, Afastamentos, Suprimentos / Cancelamentos, Distribuição de Aulas, Validação de Títulos para PSS, Concurso de Remoção e Promoção / Progressão devem ser acompanhados detalhadamente pelo gestor escolar. Além disso, é obrigação do gestor informar todo o coletivo de servidores a respeito das questões relacionadas à carreira para assinar as autorizações.
Dentre informações que podem ser solicitadas ao diretor, estão aquelas referente a incorporação de tempo de serviço prestado em órgãos particulares. Tal servidor deve ser informado que deve conferir a contagem mediante a apresentação de certidão de tempo de contribuição original e que, de acordo com a legislação, o período de trabalho prestado a instituição de caráter privado, só é contado quando este tiver transformada em estabelecimento de serviço público. Outra questão referente à carreira que pode ocorrer é quando um servidor recém nomeado, a quem foi dado exercício, solicita informações quanto a possibilidade de Ordem de Serviço. A este servidor é importante informar que ordem de serviço só é concedida quando houver a vaga disponível no estabelecimento de interesse do servidor. Caso tenha interesse, o servidor deve preencher a documentação e protocolar no NRE. Os documentos necessários são o contracheque, ofício da direção da escola de interesse informando da existência de vaga e da escola de lotação liberando o servidor.

4.3 Aspectos Pedagógicos

O Projeto Político-Pedagógico (PPP), Proposta Pedagógica Curricular (PPC) e Plano de Trabalho Docente (PTD) são os componentes essenciais da organização pedagógica de uma escola. Esses três componentes, específicos em sua articulação, organização e elaboração, são, na essência, partes de um mesmo eixo: o planejamento escolar.
O PPP é o registro geral, de composição coletiva e democrática. Nele consta o panorama geral da escola, definindo e esclarecendo todos os pontos que caracterizam a unidade escolar, bem como programa de metas e objetivos, de sonhos e de planos para melhoria da situação. Sempre de modo coletivo e consensual.
A PPC define as orientações gerais sobre o currículo da escola, passando pela discussão dos professores de uma mesma disciplina e, preferencialmente, com as discussões de todo o coletivo de professores e pedagogos. É a definição do que será ensinado, como e porquê.
O PTD é o documento específico do professor, daquilo que ele articulará dentro da sala de aula, com seus alunos. É, por assim dizer, a vivência real do PPP em sala de aula, de modo específico e peculiar de cada área do conhecimento, articulado com os interesses, metas, objetivos e pretensões do professor.
Todos esses documentos norteiam pedagógica e documentalmente a prática educativa. Para que essa articulação ocorre harmonicamente, o gestor deve estar atento ao construído e planejado no PPP, bem como quais são as ações necessárias para que as melhorias ocorram na escola. Por isso, o gestor deve estar sempre focado no PPP, atualizando-o com sua equipe e convocando, sempre que necessário, a comunidade escolar para discutir, atualizar e implementar tal documento. Sendo assim, constitui-se na escola uma prática educativa democrática e participativa.
Um dos componentes que pode auxiliar a ter esse olhar "investigativo e crítico" é o Conselho de classe. O conselho de classe é parte do processo de avaliação. Nele, é possível nortear a prática educativa, à luz do que está sendo vivido e construído em sala de aula. A partir das análises e percepções do conselho de classe é possível retomar, reorganizar e alterar o curso das ações na unidade escolar. Mas isso só é possível quando o PPP foi construído coletivamente, a PPC foi feita com criticidade e discutida com seriedade e o PTD foi realizado de modo adequado e real.
Não basta ter tais documentos organizados. Tem-se que vivenciá-lo ao longo do ano, corrigindo as falhas, anotando as percepções, verificando cada momento na escola para buscar a melhoria.
O planejamento bem feito não garante, por si só, as melhorias necessárias. mas, certamente, sem um planejamento bem elaborado, não é possível construir um espaço escolar com qualidade. A garantia de uma melhoria está no empenho em fazer do PPP algo vivo e dinâmico, norteador das ações, visto que foi feito a partir da realidade e das necessidades daquela unidade escolar. Assim, ter-se-á uma maior certeza e segurança de que a qualidade educacional pode ser uma realidade.

4.4 Aspectos da Gestão Democrática

O Regimento escolar, como documento legal, de existência obrigatória na unidade escolar, normatiza aquilo que foi descrito minuciosamente no PPP. Como componente obrigatório, sua importância é cabal, pois é o Regimento escolar, atualizado e com ato administrativo, que legaliza as ações pedagógicas e educativas descritas no PPP. Assim sendo, a elaboração, que segue normas próprias, deve ser feita em discussão com o coletivo escolar, buscando consensuar o prescrito no PPP e na legislação vigente. Cabe ao diretor articular a elaboração adequada, acompanhando cada passo do processo e efetuar a divulgação e conhecimento do mesmo por todos os membros da comunidade escolar, incluindo aí os pais.
É possível efetuar a divulgação do aprovado em Regimento via reuniões de pais, assembleias, publicização no site da escola, envio por e-mail, publicação em papel , estudos em sala de aula, entre outras.
Por meio da ação do diretor, pode-se construir na escola um espaço de participação. Mas para isso, há que se levar em conta alguns aspectos da própria formação do diretor, bem como caráter e moralidade.
Quando o diretor apresenta-se como articulador interessado na melhoria da instituição, trabalhando para que a escola melhore e cresça qualitativamente, então realmente vivencia uma gestão escolar democrática. Caso contrário, quando o diretor posiciona-se no posto, utilizando o cargo com interesses pessoais, então realmente a escola fica em segundo plano. A construção coletiva e democrática não é nada fácil, visto que temos um histórico de subversão e servilismo em nossa sociedade. Porém, é possível articular de modo bem interessante e positivo, paulatinamente, os objetivos para que a unidade escolar, juntamente com a comunidade de entorno.
Organizar e fazer funcionar as instâncias colegiadas é uma das funções do diretor escolar e cabe a ele fomentar a melhoria da escola por meio da ação política e crítica de seus membros. A representatividade nas instâncias é uma maneira equânime de ter as vozes ouvidas de todas as partes que compõem cada unidade escolar.
De acordo com a legislação vigente e orientações pertinentes, no que se refere ao aluno, cabe ao diretor:
Acompanhar a frequência dos alunos, preencher e encaminhar a ficha FICA nos casos de alunos faltosos sem justificativa, após realizar as medidas cabíveis pela escola;
Participar das Reuniões da Rede de Proteção ou indicar um profissional da educação para participação;
Encaminhar casos de violência ou de suspeita de violência com qualquer aluno e preencher a ficha de Notificação Obrigatória.
Solicitar atendimento da Patrulha Escolar quando, realmente, se fizer necessário;
Promover a discussão, reflexão e conscientização a respeito da legislação educacional e da responsabilidade de todos e a importância da participação da comunidade escolar nas questões que envolvem violência e evasão escolar de crianças e adolescentes.
Assim sendo, o papel do diretor, bem como dos pedagogos e professores da escola, é estar atento às nuances de comportamento, bem como de ações que demonstrem o risco e a eminência de violência contra as crianças e adolescentes. Muitos deles têm, na escola, um meio único de ter seus direitos garantidos e a melhoria de sua qualidade de vida.
As possibilidades existentes para superar fragilidades e garantir maior qualidade e melhorias nos aspectos de ensino aprendizagem, é a combinação do caráter do diretor (constituição pessoal / ética / profissional), bem como sua posição como articulador dos objetivos da instituição, com participação da instâncias colegiadas (organizadas e participativas), tendo como foco principal um ensino adequado à realidade escolar e uma aprendizagem significativa.
Tudo isso pautado em lei e na garantia da construção coletiva do PPP, estabelecido legalmente no Regimento escolar. E, evidentemente, com os interesses na instituição, nunca nas demandas pessoais (tão comum em nossos líderes políticos de hoje em dia e de sempre).

4.5 Aspectos Administrativos e Financeiros I e II.

A gestão financeira é uma das competências do diretor, diretamente deliberado pelo Conselho escolar e APMF. Sozinho o diretor não pode gestar as verbas escolares. Por isso, é fundamental  uma gestão financeira organizada, comprometida e conhecedora de procedimentos eficazes, como: o posicionamento da escola no sistema de ensino; os princípios da administração pública; as fontes de financiamento da educação básica; as etapas da gestão financeira (planejamento) e também, outras possibilidades de arrecadar recursos financeiros por meio das parcerias que a escola pode estabelecer (via APMF).
Assim, o diretor, estará atuando como multiplicador de competências em gestão de recursos financeiros, além de proporcionar um ensino de qualidade com transparência e compromisso.
É comum organizar as etapas fundamentais da gestão financeira nos seguintes momentos: planejamento, execução e prestação de contas. A escola pública é parte integrante do sistema de administração pública da educação e tem o dever de atender todas as obrigações legais, funcionais, operacionais e de ordem hierárquica que cabem a ela. Sendo ela, gestão pública e unidade executora, deve–se aplicar os princípios básicos da administração pública: legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade. É responsabilidade do diretor escolar aplicar com maior compromisso esses princípios. Para isso, os mecanismos de planejamento, execução e prestação de contas estão vinculados ao NRE (em papel) e de modo virtual por meio da publicização no portal dia a dia.
Também são demonstradas nos murais da escola (professores e alunos) as prestações de contas de todos os rendimentos da escola. Tanto dos valores alocados pela administração pública (Fundo Rotativo e PDDE), como aquelas verbas oriundas das ações da APMF (Cantina, promoções, arrecadações, etc).
Particularmente, para o planejamento de aplicação das verbas, a proposição de Moreira e Pizzotti (2001) parece pertinente. Os autores apresentam um modelo de plano de aplicação de recursos e as classificações que as despesas recebem da seguinte forma: o titulo projeto; o período de execução (inicio/ térmico); identificação do objeto (com o que será gasta) justificativa da proposição (explicar a necessidade de se gastar com o objetivo); cronograma de execução (meta, etapa ou fase); plano de aplicação (valor em R$); cronograma do desembolso (data e valor em R$ que serão gastos os recursos). Assim, haverá mais segurança e transparência para realizar de forma eficaz a gestão financeira da unidade escolar, sempre definindo em conjunto com as instâncias colegiadas.
Na etapa de “gastar o dinheiro” é fundamental estar muito atento aos procedimentos de acompanhamento e supervisão de cronogramas de desembolsa, as formas de liberação dos recursos orçamentários e financeiros a serem utilizados na escola e os mecanismos de contratação, pagamento e comprovação das despesas. Assim como, os cheques emitidos pela escola, as notas fiscais de gastos realizados e os recibos de serviços prestados. Afinal, todos esses instrumentos constituem o registro da gestão financeira realizada na escola e devem ser cuidadosamente acompanhados e arquivados para o momento correspondente à etapa da prestação de contas.
É também necessário exigir, em todas as compras, a nota fiscal de venda a consumidor (quando mercadoria for retirada do estabelecimento pelo próprio comprador) ou a nota fiscal de serviços (quando se tratar de empresas que prestam serviços), sem jamais receber apenas o cupom fiscal.
O Conselho Escolar, bem como a APMF devem verificar atentamente a prestação de contas e apresentar à comunidade escolar, cabendo ao gestor ser o mediador deste processo, numa linguagem simples, apresentar o valor dos recursos recebidos e com o que foi gasto. De qualquer modo, tem extrema importância a organização e o compromisso nos procedimentos a serem tomados.

4.6. Aspectos da Legislação Escolar

O Censo Escolar é um levantamento de dados estatístico-educacionais de âmbito nacional realizado todos os anos e coordenado pelo Inep. Ele é feito com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de Educação e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país. Trata-se do principal instrumento de coleta de informações da educação básica, que abrange as suas diferentes etapas e modalidades: ensino regular (educação Infantil e ensinos fundamental e médio), educação especial e educação de jovens e adultos (EJA). O Censo Escolar coleta dados sobre estabelecimentos, matrículas, funções docentes, movimento e rendimento escolar.
As informações são utilizadas para traçar um panorama nacional da educação básica e servem de referência para a formulação de políticas públicas e execução de programas na área da educação, incluindo os de transferência de recursos públicos como merenda e transporte escolar, distribuição de livros e uniformes, implantação de bibliotecas, instalação de energia elétrica, Dinheiro Direto na Escola e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Desse modo, em nível escolar, compreende-se a importância do diretor escolar conhecer e fazer conhecer todos os dados estatísticos da unidade escolar afim de que todos compreendem como se dá a distribuição dos recursos, bem como estabelecer as metas a serem alcançadas em níveis estatísticos pela escola.
A movimentação dos alunos, via SERE, organiza e define em tempo real quais possibilidades de atuação da direção e equipe pedagógica para sanar problemas do tipo evasão e reprovação. Em consultas ao SERE será possível visualizar as maiores deficiências em relação a baixo rendimento dos alunos, faltas, entre outras, por disciplina, série, turno. Isso tudo agiliza a análise e a busca de alternativas pedagógicas que levem à mudanças positivas e elevação do nível da qualidade do ensino aprendizagem.
Sabe-se que o efeito do dispositivo arquitetônico tem influência sobre a situação de aprendizagem. Podemos, então, concluir que ambiente escolar bem cuidado e higiênico acaba por influenciar a dinâmica comportamental dos alunos e, consequente desempenho acadêmico. Organizar e manter ambiente escolar bem cuidado e limpo contribui, sim, para a melhoria pedagógica.
Para isso, é importante, além dos funcionários da escola, desenvolver ações que envolvam toda a comunidade escolar, incluindo os pais e moradores vizinhos, em propostas de manutenção e conservação do prédio escolar. Não para reduzir custos de manutenção (que é obrigação do Estado), mas para engajar a comunidade em ações com efeitos educacionais, especialmente os de educação ambiental.
O gestor, então, não pode, em nenhum momento, deixar de observar cada espaço da unidade escolar e tomar as providências para ter um espaço realmente compatível com a função educadora e socializadora da escola.
A alimentação escolar é um direito do estudante, garantido pela nossa Constituição Federal. O PNAE tem como objetivo atender às necessidades nutricionais dos estudantes, durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e rendimento escolar.
Desse modo, cabe ao diretor garantir o adequado armazenamento e cuidar para a correta preparação da alimentação, respeitando a legislação e as orientações nutricionais. E no que se refere à cantina escolar (APMF) cuidar para que a mesma disponha de alternativas aos alunos com alimentos saudáveis e nutritivos.
O patrimônio escolar é o conjunto de bens móveis e imóveis que formam a parte física e material da escola e que, quando postos em uso, não estão sujeitos a danificações imediatas. É tudo aquilo que pode ser visto e tocado e que também chamamos de bens corpóreos, bens materiais ou ainda de bens tangíveis.
Desse modo, o gestor escolar deve entender que é sua responsabilidade a manutenção, a conservação e, muitas vezes, a construção, a ampliação e a reforma das instalações prediais da sua escola. O gestor escolar ao assumir essa função normalmente recebe a escola já pronta e em funcionamento. E é o Estado a entidade responsável pelo fornecimento do prédio e de suas instalações físicas para o atendimento das necessidades pedagógicas. Entretanto, é o gestor que irá diariamente identificar quais são as demandas que a escola necessita e isso inclui as condições físicas que o prédio apresenta para o bom funcionamento do processo de ensino e aprendizagem. O gestor não é o “dono” da escola, pois esta é um patrimônio público e como tal deve ser tratada como um bem comum de todos, e todos são os responsáveis pela sua manutenção, sendo o gestor a pessoa que deverá coordenar a integração da comunidade escolar no sentido de preservação do seu patrimônio.
Uma das primeiras ações que o gestor escolar deverá tomar será identificar a situação legal do patrimônio imobiliário, ou seja, verificar junto a Secretaria de Educação, se o imóvel em que a escola está instalada está regularizado ou não e o que é necessário para fazer a sua regularização. Tal patrimônio deve estar devidamente registrado no cadastro de bens imóveis do estado. O gestor escolar não tem poderes para sanar as irregularidades, mas ao tomar conhecimento delas, ele poderá cobrar das instâncias competentes as providências para saná-las. É comum que, nos arquivos da escola, estejam disponíveis as cópias dos documentos relativos ao terreno e ao prédio da escola.
Em segundo lugar, o gestor precisa determinar qual é a capacidade de atendimento da escola. Para isso, ele deverá saber qual é o número total de alunos matriculados na sua escola por turno de funcionamento e determinar a quantidade de salas de aula que serão necessárias para poder funcionar. Fazendo esse levantamento, o gestor saberá se a escola está operando abaixo, de acordo ou acima de sua capacidade de atendimento. Se a escola estiver operando acima de sua capacidade, será uma situação onde o gestor poderá apresentar a Secretaria de Educação a solicitação para que esta providencie a ampliação do prédio escolar, ficando a cargo dela a responsabilidade pela execução da obra.
O gestor deve planejar com antecedência e adotar providências necessárias para não prejudicar os alunos que têm direito a educação e que não podem ficar esperando muito tempo pela execução das obras.
Por fim, respeitando a legislação e conhecendo os trâmites, considerar cada necessidade real do prédio escolar observando os requisitos básicos de:
Adequação (existência de rampas para trânsito de cadeira de rodas., adequação das instalações elétricas para o uso de equipamentos como, computadores, retroprojetores, etc. e banheiros com pias muito altas para as crianças), 
Conforto (boa iluminação, tanto natural com a instalação de janelas, ou artificial com a colocação de lâmpadas suficientes, boa ventilação que ofereça conforto térmico, conforto visual com a utilização de cores claras na pintura de paredes, teto e esquadrias, conforto auditivo: a acústica dos ambientes deve ser apropriada, permitindo se ouvir com clareza e evitando a propagação de ruídos),
Salubridade e higiene (deve-se evitar a construção de fossas próximos de fontes de água, deve-se evitar o aparecimento de maus odores provenientes de banheiros ou esgotos que podem contaminar outros ambientes como a cozinha ou o depósito de alimentos, deve-se evitar a umidade em todos os ambientes) e
Segurança (fazer a sinalização de acesso em pistas próximas à escola, instalar equipamentos de combate a incêndio, verificar instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias, evitando gatos, gambiarras ou sobrecargas).
Assim, tomando todos os cuidados, mantendo-se atento àquilo que é obrigação do estado, mais as possíveis parcerias via APMF garante-se um prédio escolar realmente apto a colaborar para um ambiente pedagógico adequado ao ensino e consequente aprendizagem dos alunos.
Sabe-se que muitas escolas não atendem as características ideais (descritas anteriormente), como também o gestor escolar não precisa ser profundo conhecedor de engenharia ou arquitetura. Entretanto, o gestor pode ir adequando gradativamente sua escola as condições adequadas que ela necessita.
O gestor pode providenciar a manutenção e a conservação do prédio escolar, para isso eles podem realizar as seguintes tarefas:
Consertos e recuperação de piso, forro, telhado, beirais, paredes, corredores, divisórias, muros de divisa e calçadas, inclusive reconstruções de pequenas áreas e substituições de peças e partes danificadas;
Pintura interna e externa de parede e elementos do prédio;
Consertos e/ou substituições de esquadrias, batentes, grades e alambrados, eliminação de pontos de ferrugem, desempeno e lubrificação de portas, portões, janelas e demais esquadrias;
Pintura, reparos, eliminação de irregularidades no piso e cobertura das quadras e áreas recreativas e esportivas, inclusive recuperação e/ou troca de tabelas e traves;
Substituição, reparos e lubrificação de fechaduras, dobradiças e trincos danificados, inclusive troca de tambores, segredos, confecção de chaves e aquisições de cadeados;
Substituição de vidros quebrados ou trincados;
Substituição, reparos, pintura, impermeabilização e limpeza de calhas, rufos e condutores (esses serviços devem ser feitos anualmente, de modo a evitar goteiras e alagamentos);
Consertos, revisões, substituições e desobstruções das instalações hidráulicas, como:
Reparos e substituições de torneiras, válvulas, conexões, registros, sifões, válvulas de descarga;
Consertos em cavaletes e medidores, mediante autorização da concessionária;
Consertos e substituições de pias, vasos sanitários, mictórios e demais componentes;
Desentupimento da rede de esgoto;
Consertos e substituições de trechos da rede de abastecimento de água e de esgoto;
Consertos em caixas d'água e seus componentes;
Consertos e substituições de componentes de rede elétrica, como: substituição de lâmpadas, reatores, luminárias, interruptores, tomadas, espelhos, disjuntores, trechos da fiação, postes de luz, quadros de distribuição e medidores, sempre sob a supervisão de um eletricista responsável ou com consulta à concessionária;
Manutenção, recarga e substituição dos extintores de incêndio e hidrantes, bem como aquisição ou consertos das mangueiras e peças que fazem parte deste conjunto;
Serviços de jardinagem, como poda, capina e substituição da vegetação nos jardins e demais áreas verdes da escola;
Construção, consertos e substituição da instalação de gás (GLP), assim como aquisição das peças necessárias à sua segurança e adequado funcionamento, e manutenção do abrigo;
Manutenção, consertos e substituição do sistema de pára-raios e aterramentos, de alarme e de circuito fechado de TV para segurança do prédio;
Manutenção e substituição de quadros-negros, quadros de aviso e murais danificados.
Além desses serviços que podem melhorar as condições físicas da escola, o gestor também deverá se preocupar com a necessidade de distribuir espaços ou áreas para todas as atividades necessárias para o bom desempenho pedagógico da escola. Dessa forma, ele deverá lembrar que além das salas de aula, serão necessários ambientes para os serviços escolares de suporte pedagógico, suportes administrativos, sala para reuniões dos professores, salas para biblioteca e para os laboratórios.
É importante lembrar que o gestor deve compartilhar todas essas funções com as demais pessoas que atuam na escola. O gestor escolar tem nas suas mãos dois documentos que podem ajudá-lo a fazer com que alunos, professores, pais e funcionários contribuam na preservação da escola: o projeto político-pedagógico e o regimento escolar.
O regimento escolar além de estabelecer normas pedagógicas, também deve estabelecer normas administrativas relacionadas a utilização do patrimônio e as responsabilidades de cada setor e de cada integrante da comunidade escolar.
Através do regimento escolar os gestores podem estabelecer claramente as atribuições e as responsabilidades que todos na escola devem ter com a manutenção e conservação do patrimônio da escola. 
A gestão do patrimônio escolar deve ser exercida sob a ótica de autonomia. Através dos meios financeiros e legais que o gestor escolar dispõe, ele poderá resolver muitas coisas diretamente, dentro da sua competência e existem outras que ele não poderá resolver cabendo aos órgãos superiores do sistema de ensino.
E isso é possível utilizando os recursos financeiros disponíveis para o financiamento das atividades de uma escola.

4.7. Aspectos da autonomia e documentação escolar

A consulta ao dicionário da língua portuguesa revela que autonomia apresenta a seguinte definição: "Faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de se reger (um país) por leis próprias, emancipação; independência, sistema ético segundo o qual as normas de conduta provêm da própria organização humana." (Holanda 1983, p. 136). Assim, o exercício da autonomia ocorre em situação concreta.
No que se refere à autonomia da escola pública, esta tem sido defendida em nome dos diversos fatores, entre os quais podem ser destacados a melhoria do desempenho do sistema, em termos de racionalidade administrativa; a natureza entre diversidade cultural e escola única.
A autonomia é resultado de um percurso, de um movimento que implica esforço e exercício do poder; igualmente, não se mantém sem uma atuação ativa do sujeito.
Na procura de razões mais fundamentais para a autonomia da unidade escolar torna-se útil examinar o que diz Azanha:
"A tarefa educativa tem como pressuposto ético a autonomia de quem educa. Esta autonomia do educador tem na autonomia regimental da escola apenas uma das condições de seu exercício, e não pode ser com ela confundida. A autonomia do educador - por paradoxal que possa parecer - é, hoje, num momento histórico de busca democrática, um “comprometimento total” com o ideal democrático de educação.
Nessas condições, quando se insiste na autonomia da escola como uma das condições de melhoria de ensino, não podemos reduzir essa melhoria a um ensino simplesmente mais eficiente no seu conteúdo estritamente escolar. Para isso, não seria preciso reivindicar uma escola capaz de ser uma “boa escola”. O fundamental é que a autonomia de nossas escolas públicas esteja impregnada de um ideal pedagógico que constitua a base de uma tarefa educativa, cuja excelência há de ser medida pela capacidade de instalar uma convivência democrática, e, por isso mesmo, de formar homens críticos, livres e criativos até mesmo a partir de condições sociais, políticas e econômicas adversas. Por isso, é preciso não perder de vista que a busca da autonomia da escola não se alcança com a mera definição de uma nova ordenação administrativa, mas, essencialmente, pela explicitação de um ideal de educação que permita uma nova e democrática ordenação pedagógica das relações escolares." (AZANHA 1993, pp.42-43).
Desse modo, entende-se por autonomia da escola “a capacidade de elaboração e realização de um projeto educativo próprio em benefício dos alunos e com a participação de todos os intervenientes no processo educativo”.
Pode-se compreender, então, que o simples fato de estabelecer a legislação não assegura a autonomia. Segundo Castro Neves, “é preciso, simultaneamente, vontade e decisão política dos dirigentes maiores dos sistemas e competência dos agentes pedagógicos da escola em consolidá-la. Autonomia é, portanto, outorga e conquista”.
O projeto político-pedagógico é o instrumento que orienta e possibilita operacionalizar a autonomia na escola. O projeto político-pedagógico e a autonomia são processos indissociáveis, como o é também a formação continuada, como elemento que promove a competência do grupo.
A autonomia da escola não dispensa a atuação do Estado nem as instâncias centrais da administração, mas requer uma profunda revisão e fortalecimento de suas novas funções e papéis, visando-lhe dar poder de governabilidade.
A autonomia da escola tem que se revelar não apenas uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade e promover a equidade. Ela tem que se tornar vantajosa quanto a seus custos e benefícios políticos, em conjunturas político institucionais concretas, nelas incluída, com destaque, a negociação permanente dos interesses presentes.
De modo geral, os Pareceres expedidos pelo CEE em 2011 da Educação Básica referem-se a solicitação de regularização da vida escolar de aluno, pedidos de Credenciamento de Instituição para oferta de Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, de Renovação de Credenciamento da Instituição de Ensino para oferta de Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, de Autorização para o Funcionamento do Curso Técnico, de reconhecimento do Ensino Médio.
No Ensino Superior, aparecem em sua maioria, pareceres de pedido de autorização para funcionamento do curso de graduação e pedido de renovação do reconhecimento do curso de graduação. É o cumprimento de uma das funções reguladoras do CEE.
Compreende-se que o planejamento educacional bem feito deve privilegiar ações para a qualidade do ensino permeado por uma gestão educacional democrática. Porém, uma educação de qualidade não pode ser obtida em escolas que se mantenham envoltas em burocracias lentas e centralizadoras, preocupados excessivamente com normas e regulamentos e com uma estrutura hierárquica que não lhes confere agilidade na solução dos problemas. Sabe-se, hoje, que a escola faz diferença, sim, no desempenho dos alunos, e que sua adequada gestão é indiscutível para o adequado atingimento de seus objetivos. E é evidente que a gestão é um componente decisivo da eficácia escolar. Escolas bem dirigidas e organizadas são mais eficazes.
No cotidiano de trabalho do Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, é possível observar os seguintes elementos de organização e gestão, todos definidos coletivamente e que são traços de melhoria em relação ao que o colégio já vivenciou de negativo:
1 - participação dos agentes na gestão escolar com conteúdos e níveis mais definidos a partir da construção do PPP com a participação de todos os agentes escolares, e a sua realimentação em que todos os aspectos da escola são discutidos e consensuados, bem como com as reuniões semanais dos gestores e equipe pedagógica para reorganização da escola;
2 - mecanismos de avaliação que induzem à responsabilização das escolas por seus resultados: exigências legais e da mantenedora com relação aos índices de aprovação, reprovação e evasão, bem como a análise criteriosa das causas de tais índices. E todos os números devidamente tabelados e analisados pelo coletivo escolar, com registros escritos;
3 - redefinição de papéis no nível central, visando à maior descentralização e desconcentração: o diretor, de acordo com todas as suas atribuições, tem sido capaz de distribuir as tarefas e, estando ausente, os demais componentes da equipe escolar conseguem realizar suas atividades sem necessidade de fiscalização;
4 - produtividade, eficiência e desempenho como ingredientes importantes do sucesso: a qualidade que vem se implementando nesta unidade escolar é percebida pela organização da documentação na secretaria, no registro fidedigno pela equipe pedagógica, na reestruturação do ambiente escolar e na socialização da informação por meio de divulgação via e-mail, mural e blogs.
A secretaria é o setor encarregado da execução dos trabalhos referente á escrituração escolar, aos arquivos da vida escolar do aluno e a documentação relativa ao pessoal. Estará sob a responsabilidade de profissional habilitado e indicado pela Direção. A secretaria escolar conta com tantos auxiliares quantos forem necessários (de acordo com o porte da escola) ao desenvolvimento das atividades da secretaria escolar.
É fundamental conscientizar os profissionais que lidam com a documentação dos alunos e que realizam a escrituração escolar para a seriedade da função.
Para isso, é importante lançar mão de reuniões ordinárias, com registro em Ata, de orientações e estudos da legislação (Regimento escolar, pareceres, deliberações, entre outros), afim de manter organizada e claramente definida o passo a passo das atividades da secretaria.
Evidentemente que o papel do secretário deve ser desenvolvido por profissional que tenha competências para tal.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é o objeto de estudo da escola, ela é um instrumento primordial que viabiliza a prática da gestão democrática, pois seu papel é dirimir a filosofia, o pensamento, o comportamento e as relações humanas que os alunos necessitam para viver numa sociedade, pois dessa forma estarão aptos a construir uma visão sólida e crítica da realidade educativa, buscando alternativas coletivas para os problemas no âmbito social e escolar.
É pela forma de atuação do diretor e por sua habilidade em influenciar o ambiente que depende em grande parte, a qualidade do clima escolar, o desempenho dos professores e funcionários e a qualidade do processo ensino aprendizagem. Desse modo, entende-se porque estão vinculadas ao diretor uma serie de funções, tanto de natureza administrativo, quanto pedagógica.
Cabe ressaltar que somente um diretor comprometido com a causa maior da educação é capaz de articular, de modo harmônico, tantas atribuições e funções. Depende, grande parte, em definir claramente as metas à luz do descrito no PPP e legalizado no Regimento escolar, num trabalho coeso com as instâncias colegiadas e participação da comunidade.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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